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Psicóloga da UFU explica como desequilíbrio emocional pode afetar desempenho acadêmico

Conforme dados levantados na pesquisa “Perfil do Estudante da UFU” e apresentados em relatório disponível na página da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil da Universidade Federal de Uberlândia (Proae/UFU), quase 70% dos estudantes de graduação da instituição declararam ter passado por dificuldades emocionais durante os 12 meses que antecederam a aplicação daquele questionário. Com índice de 57,1%, a ansiedade foi o problema mais citado pelos alunos.

Mas de que forma o desequilíbrio emocional repercute negativamente na formação acadêmica? Membro da equipe da Divisão de Promoção de Igualdades e Apoio Educacional (Dipae), órgão subordinado à Diretoria de Inclusão, Promoção e Assistência Estudantil (Dires), a psicóloga Leiliane Bernardes Gebrim frisa que a saúde e o adoecimento também são construções socioculturais e que exigem uma compreensão da origem, oportunidades e suporte sociais e acadêmicos que o estudante tem ao seu dispor, a fim de superar adversidades e se desenvolver.

“Tanto as crises emocionais podem causar dificuldades acadêmicas, como a própria vida acadêmica também pode causar desequilíbrios emocionais, na medida em que predispõe os estudantes ao estresse”, argumenta, acrescentando que o estresse psicossocial está relacionado ao desenvolvimento de doenças físicas e emocionais e, no caso destas últimas, ele predispõe o desenvolvimento de ansiedade, depressão e até mesmo da dependência química.

Questionada sobre que tipo de dependência química seria esse, a psicóloga revela que o atendimento aos estudantes possibilitou a descoberta de um comportamento perigoso para a saúde mental: há casos de uso e abuso de estimulantes e medicamentos como a ritalina por alunos que buscam melhorar a performance acadêmica e manter-se acordado por mais tempo para estudar. “Eles desconsideram os riscos que essas práticas trazem à saúde a médio e longo prazo. Daí a importância da nossa reflexão sobre como nós, profissionais de educação, participamos ou estimulamos esse grave problema social”, alerta.

Excesso de cobranças

A rotina universitária, suas cobranças e o excesso de dificuldades em alguns conteúdos, bem como o foco no desempenho em testes estão relacionados ao problema. Leiliane Gebrim afirma, ainda, que a priorização das demandas estudantis em detrimento de outras atividades com função equilibradora e compensadora do estresse - como o sono, o convívio social e familiar, os esportes e o lazer - predispõe estes jovens a uma carga de fadiga que pode acarretar consequências inesperadas em seus desempenhos nos estudos.

“O esgotamento mental e as dificuldades acadêmicas influenciam na motivação para a busca do aprendizado e têm repercussões diversas, inclusive reprovações. Isso alimenta a baixa autoestima do estudante que, passando a desacreditar da própria capacidade, corre o risco de desenvolver sintomas depressivos, o que colabora para perpetuar ou piorar ainda mais a sua situação acadêmica”, aponta. A psicóloga, porém, faz a ressalva de que essa não é uma regra geral, pois “as reações diferem para cada pessoa e dependem da pré-disposição e recursos internos e externos que cada indivíduo tem para lidar com os estressores ambientais”.

Desafios

A servidora da UFU observa que as políticas de mobilidade e ingresso têm colaborado para o aumento da presença em todos os campi da instituição de estudantes vindos de diversas localidades com potencial de vulnerabilidade social devido à distância de suas famílias e à necessidade de fazer novos vínculos sociais. Esse fato, somado à diversidade de tarefas de desenvolvimento pessoal na fase da vida em que se eles se encontram e também à carga de exigência acadêmica, formam um quadro que o predispõe a crises de adaptação à universidade. “Estar atento a estas questões é importante para evitar o fracasso e a evasão e, mais importante ainda, cuidar da saúde dos nossos alunos”, sublinha.

Para Leiliane Gebrim, ao receber estudantes com características tão diferentes entre si, a universidade está diante de um grande desafio, especialmente no que se refere às suas práticas de ensino. “Refletir sobre nossas práticas e objetivos educacionais, de forma a priorizar as experiências que colaborem para edificar as forças pessoais do acadêmico, a autoestima, o sentimento de competência e a sua percepção de pertencimento ao meio refletem positivamente nas condições emocionais daquele jovem e o ajudam a experienciar êxito pessoal e acadêmico. Além disso, a educação do dia a dia também pede atenção aos relacionamentos interpessoais, que se forem saudáveis e respeitosos, podem colaborar com a promoção de saúde do estudante”, conclui.

Fonte: UFU

Parabéns pela belíssima pesquisa!


Universidade Federal de Uberlândia

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Diretoria de Pesquisa

Prof. Dr. Kleber Del-Claro

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