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Estudo conduzido pela professora da UFU, Dra Catarina Azeredo, aponta aumento na desigualdade social


Desigualdade social aumenta para comportamentos violentos e reduz para comportamentos de estilo de vida entre adolescentes brasileiros

Entre 2009 e 2015 houve redução da desigualdade, ou seja, da distância entre adolescentes de menor nível socioeconômico e maior nível socioeconômico para comportamentos de estilo de vida (como consumo de frutas, feijão e refrigerantes) e para o uso de álcool. Por outro lado, houve aumento na desigualdade para violência (violência doméstica, brigas com uso de armas e vitimização por bullying). É o que aponta estudo conduzido por pesquisadora do curso de Nutrição da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia, em colaboração com pesquisadores da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Pelotas e da London School of Higiene and Tropical Medicine, publicado na revista científica BMJOpen em março de 2019. Os autores observaram que, em 2015, os adolescentes mais pobres estavam mais expostos a menor consumo regular de hortaliças e frutas, menor realização de atividade física de lazer, mais envolvimento em sexo desprotegido (sem uso de camisinha) e também eram mais afetados por vitimização por bullying, violência doméstica, envolvimento em brigas com o uso de armas, uso de cigarros e drogas. Para o uso de álcool não foi detectada desigualdade em 2015. Os únicos comportamentos de risco mais frequentes entre os adolescentes mais ricos foram o consumo irregular de feijão e o maior consumo de refrigerantes. Os dados utilizados foram coletados pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar em 2009, 2012 e 2015, realizada pelo IBGE em parceira com o Ministério da Saúde, com estudantes do 9 ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas das capitais do Brasil. Os dados mostram ainda que de 2009 a 2015 houve aumento na prevalência de sexo sem o uso de camisinha (de 21,5% a 33,9%), vitimização por violência doméstica (9,5% para 16,2%), vitimização por bullying (14,2% para 21,7%) e baixo consumo de feijão (37,5% para 43,7%) entre adolescentes das capitais brasileiras. Houve redução de alguns comportamentos, tais como usode álcool (27,1% para 23,2%), atividade física irregular (83,0% para 75,6%) e consumo regularde refrigerantes (37,2% para 28,8%).Segundo os autores do estudo, a redução na desigualdade em alguns comportamentos do estilo de vida precisa ser lida com cautela. Por exemplo, houve um aumento no consumo de refrigerante entre os mais pobres e uma redução do consumo entre os mais ricos, ou seja, a redução da desigualdade, nesse caso não se deu por uma melhora no estilo de vida dos mais pobres, mas ao contrário. Para uso de álcool e consumo irregular de feijão a redução da desigualdade também se deu dessa forma. Por outro lado, a vitimização por violência aumentou entre os mais pobres no período. Políticos e pesquisadores precisam estar cientes de que as possíveis reduções em comportamentos de risco podem acontecer de forma desequilibrada entre grupos sociais, podendo reduzir em média, mesmo que estejam aumentando entre os grupos sociais desfavorecidos.

O aumento da distância entre ricos e pobres no domínio da violência mostram grande vulnerabilidade dos mais pobres e a necessidade de políticas públicas que tenham como foco a redução da violência nesse grupo. Os autores chamam atenção para o fato de que esses dados refletem a realidade das capitais brasileiras, mas podem não representar a realidade dos demais municípios.

O artigo “Progress and setbacks in socioeconomic inequalities in adolescent health-relatedbehaviours in Brazil: results from three cross-sectional surveys 2009–2015 ”, de Catarina Machado Azeredo e colaboradores está disponível na BMJOpen em https://bmjopen.bmj.com/content/9/3/e025338.

Catarina Machado Azeredo

Curso de Nutrição, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Pará,1720, Bloco 2 U - Umuarama, Uberlândia, MG. CEP:38.405-320

Email: catarina.azeredo@ufu.br


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